Vendedor de Cocadas

Author: Hamon Dennovan / Marcadores:


Certo dia eu estava caminhando e vi uma criança na rua nem dei atenção no que ela estava fazendo, Fui à Cidade (Conde da Boa Vista) encontrar meu pai, paramos no Recanto Paranaense que fica ao lado do Shopping Boa vista e começamos a tomar varias cervejas e conversar coisas do cotidiano, quando se menos esperar la vem aquele moleque com uma caixa na mão oferecendo cocada de cocô à 50 centavos cada, um menino de no máximo 6 anos de idade, de aparência sofrida e que nem sabia vender o seu produto direito aproximou-se de nossa mesa e ofereceu as cocadas e disse: Tio quer cocada é 50 centavos? Parei! Pensei e decidi não comprar. Na outra mesa o garotinho também ofereceu as cocadas as pessoas em geral o tratavam com marginal não olhava nem nos seus olhos cansados e tanto andar e oferecer cocadinhas, é triste, de repente bateu aquele velho e angustioso remoço, chamei o garoto e imediatamente ele veio até mim, era uma criança linda, de sorriso maroto, quem no fundo tinha o prazer de ajudar sua mãe ou pai que o fazia ir vender aquelas cocadas, mesmo eu sabendo que o pai ou mãe desse garoto merecia apodrecer na cadeia por colocar aquele ser humano no mundo para sofrer sem culpa, eu não conseguia ver os pais como vilão e sim como vítima da dura realidade do nosso país, onde as oportunidades são poucas e a educação é precária. Mas voltando ao garoto depois daquele remoço que tive em meu peito, pedi pra ele vim até onde eu e meu pai estava e comprei as cocadas, quando o garoto abriu aquela caixa de sapato cheia de cocadinhas eu não tive a coragem de comprá-las a higiene era mínima, as cocadas pequenas demais para valer os 50 centavos, ao mesmo tempo olhei para minha mesa e vi 16 cervejas cada uma à 3,00 reais e 4 caldinhos à 1,50 cada... somando dão 54 reais fora os 10% do garçom, fiquei com uma angustia sem fim, olhe para o moleque e dei aquela bronca sem noção... eu disse:

E aew boyzinho tás estudando? Pq tás nas ruas com essa idade? Tua mãe ta doida? Etc...
Que idiota eu sou fazendo essas perguntas ao moleque que não sabe nem por que ele ta ali no sol quente vendendo cocadas. Tirei 2 reais do bolso e dei ao garoto e ele abriu a caixa novamente eu não tive nem coragem de pegar mandei ele ir embora e ele abriu um sorriso enorme ganhou 2 reais e vai poder vender as cocadas e ganhar mais grana para comprar o pão da sua casa. Não sei se sua mãe vai comprar o pão, beber ou fumar com o que o moleque arrumou no dia.

O que eu sei mesmo é que eu não vou conseguir nem tão cedo me esquecer do que o ser humano é capaz de fazer com outro em situação inferior economicamente
, eu que fui sempre tão generoso, amigável e caridoso, me deixei levar por um instante pela arrogância dos mais velhos, pelo desprezo dos insanos e pelo medo dos falsos moralistas... Um garoto pobre e sorridente teve que me abrir os olhos quando eu cego estava naquele dia... Sou uma pessoa que de certa forma luta pela igualdade, tenho meus princípios acima de tudo e minhas falhas baseadas nas tentativas frustradas de acertar sempre. O garoto não sei onde foi parar mas eu voltei pra realidade que eu tinha saído.

Vamos pensar mais nos próximos, ajudar e fazer com que o mundo seja ao menos um circo onde vamos sorrir das coisas e dormir sabendo que tudo foi apenas um circo armado, que ninguém vai chorar depois do espetáculo.

“Quem faz o bem, recebe o bem... hoje, amanhã ou nunca. O nunca você pode não gostar mais seu filho vai adorar receber por você. "

0 comentários:

Postar um comentário

Arquivos do blog

Banco da Pracinha